sábado, 18 de julho de 2009

Os anjos protetores

O menino voltou-se para a pai e perguntou:
- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.
Como ele lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.
- É uma boa idéia, falou o pai.
- Irei com você.
- Mas você anda muito devagar, argumentou o garoto. Você só tem um pé.
O pai insistiu que o acompanharia. Afinal, ele podia andar muito mais depressa do que ele pensava. Lá se foram. O menino saltitando e correndo e o pai mancando, seguindo atrás. De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis. Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- Você é um anjo?
Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu, na poeira da estrada. Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos e tossiu bastante. Então, chegou seu pai que limpou toda a poeira, com sua camisa de algodão azul.
- Ela não era um anjo, não é, papai?
- Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu o pai.
Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino. Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
- Você é um anjo?
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo!
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando. Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu. - Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho! Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão, chorando, até que chegou seu pai e lhe enxugou as lágrimas com sua camisa de algodão azul. Aquela moça, certamente, não era um anjo. O garoto abraçou o pescoço do pai e disse estar cansado.
- Você me carrega?
- É claro, disse o pai.
- Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços, o pai foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava. Então o menino o abraçou com força e lhe perguntou:
- Pai, você não é um anjo?
O pai sorriu e falou mansinho:
- Imagine, nenhum anjo usaria uma camisa de algodão azul como a minha... Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiões dos seus amores. São mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em benefício dos que amam. Às vezes, podem estar do nosso lado e estamos em busca dele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário